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Apesar da melhora registrada com as chuvas dos últimos meses, o nível do reservatório da hidrelétrica de Nova Ponte ainda preocupa criadores de peixes e empresários do setor de turismo da região. Em setembro de 2021, a represa chegou ao nível crítico de 10,52% da capacidade.
Mesmo com a expectativa de que o lago chegue a 55% do volume útil ao fim do período chuvoso, o movimento SOS Represas busca alternativas que possam equilibrar a produção de energia e a viabilidade econômica para pessoas que vivem de atividades ligadas ao reservatório.
Em 2021, a hidrelétrica de Nova Ponte enfrentou grave crise hídrica causada pelo longo período de estiagem. Em setembro, o reservatório chegou ao nível crítico de 10,52% do volume útil, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
O nível do reservatório chegou a ser tema de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Pouco depois, o volume útil chegou próximo do limite estabelecido pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam).
A partir das chuvas iniciadas em dezembro, o nível da represa começou a melhorar e, em fevereiro, chegou a 39,4%. Veja gráfico abaixo.
A estimativa é que até o fim do período chuvoso, que costuma ocorrer até o mês de abril, o reservatório alcance 55% do volume útil. Apesar da expectativa, o movimento SOS Represas discute ações que garantam o equilíbrio entre produção de energia e desenvolvimento econômico.
“A estimativa entre as pessoas que compõem o movimento SOS Represas, com bastante otimismo, é que cheguemos em 55% ou 60%, no máximo. Vamos ter que administrar essa água em conformidade com a condição pluviométrica e o consumo. Só assim chegaremos a um denominador comum, que não prejudique a produção de energia e o ecossistema, a reposição das nascentes, da piscicultura, da agricultura e do turismo”, disse o coordenador do movimento, Reginaldo Costa e Silva.
Segundo ele, o cenário ideal para garantir o equilíbrio entre as atividades é que a hidrelétrica passe a operar com a cota mínima de 30% do volume útil para produção de energia elétrica.
“Em cima dessas reuniões, estamos reivindicando uma cota mínima para o nível da represa. Queremos viabilizar não só o turismo, mas as questões ambientes e a produção rural”, disse.
O g1 entrou em contato com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e solicitou posicionamento sobre a proposta, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.
Nível do reservatório da hidrelétrica de Nova Ponte
Fonte: ONS
A maior preocupação dos moradores da região são os prejuízos causados pela queda brusca no nível do reservatório e também dos afluentes do Rio Araguari, onde a hidrelétrica está instalada. De acordo com Daividson Severeino de Oliveira, quanto menor o nível da água, maior é o impacto financeiro no turismo da região. Ele é dono de um parque aquático no Rio Quebra-Anzol, que deságua na represa de Nova Ponte.
“Atrapalha muito, por que o nosso diferencial aqui é a água, e se a gente perde ela, automaticamente perdemos tudo”, afirmou o empresário.
Os prejuízos também são contabilizados pelos criadores de peixes. Segundo o piscicultor Márcio Manini, que cria cerca de 700.000 tilápias no lago, a queda no nível da água gera transtornos e prejuízos com a necessidade de movimentação dos tanques.
“A água abaixa e aí começa a aparecer árvore na represa e a gente não consegue transitar o tanque de uma posição para outra. Começa a gerar um custo muito alto, pois essas árvores começam a danificar os tanques, gerando custos de reparos. A água baixa é 100% prejudicial”, disse Manini.
Mesmo com constantes chuvas, turismo e piscicultura estão em alerta no Alto Paranaíba