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10º Fliaraxá coloca a abolição e a independência em foco | 10º Festival Literário de Araxá


“Abolição, Independência e Literatura” – este é o tripé que vai sustentar as mesas, painéis e debates da 10ª edição do Fliaraxá – Festival Literário de Araxá, a se realizar entre os dias 11 e 15 de maio, quarta a domingo. Em formato híbrido, as transmissões do Fliaraxá vão acontecer de forma descentralizada, em diversos lugares da cidade: Grande Hotel, Teatro Municipal Maximiliano Rocha, Parque do Cristo e Fundação Cultural Calmon Barreto.

A criatividade vai estar em alta no formato híbrido do Festival. Respeitando protocolos sanitários, autores estarão presentes, em alguns locais, com audiência reduzida; em outros, autores farão lives, sem a presença do público; e em outros, acontecerá apenas a transmissão digital, sempre pelas redes do @FliaraxaYoutube Facebook Instagram

Fliaxará vai acontecer em formato híbrido, com transmissão de algumas mesas de debates pelas redes do festival — Foto: Daniel Bianchini

Fliaxará vai acontecer em formato híbrido, com transmissão de algumas mesas de debates pelas redes do festival — Foto: Daniel Bianchini

Tudo gratuito, sem cobrança de ingresso nem taxas para assistir nas plataformas, como o Youtube, Facebook e Instagram. O evento também contará com programação infantil, prêmio de redação, exposição artística e uma novidade: uma imensa livraria com espaço gastronômico.

O Ministério do Turismo e a CBMM apresentam com exclusividade o 10º. Fliaraxá, com o patrocínio da Cemig e do Itaú e apoio da Rede Mater Dei de Saúde, Grupo Zema, Prefeitura Municipal de Ara-xá, Fundação Cultural Calmon Barreto, Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Turismo e Inovação Tecnológica, CUFA – Central Única de Favelas de Araxá, com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo.

Na curadoria, junta-se a Afonso Borges, criador do Fliaraxá, o escritor e jornalista Tom Farias, notável por seu trabalho como biógrafo de Carolina Maria de Jesus. Decidiu-se, portanto, por um tema – “Abolição, Independência e Literatura” – que traz à cena os dois assuntos mais urgentes do ano de 2022: a questão da Abolição, pelo Festival acontecer em 13 de Maio, e os 200 anos de Independência no Brasil. E o que a literatura apresenta de mais relevante em torno desses importantes acontecimentos históricos brasileiros.

A Patrona desta edição é a escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, na passagem do bicentenário de nascimento (1822-2022) e o escritor homenageado é o baiano Itamar Vieira Jr, considerado uma das revelações da literatura brasileira dos últimos anos, autor de “Torto Arado”.

Retrato fictício da escritora Maria Firmina dos Reis - Patrona do Fliaraxá- retrato de autoria do artista João Gabriel dos Santos Araújo, o vencedor de um concurso realizado pela Flup (Festa Literária das Periferias)  — Foto: Reprodução

Retrato fictício da escritora Maria Firmina dos Reis – Patrona do Fliaraxá- retrato de autoria do artista João Gabriel dos Santos Araújo, o vencedor de um concurso realizado pela Flup (Festa Literária das Periferias) — Foto: Reprodução

Nascida no contexto da Independência do Brasil, em 1822, Maria Firmina dos Reis é uma voz pujante no universo afro-brasileiro, no campo de uma literatura de engajamento que se posicionou, pela voz de uma mulher negra, contra a escravidão, a subalternização do elemento negro e da mulher negra, presa à violência sexual e doméstica, tanto na Casa Grande, quanto na senzala.

A Independência brasileira, no modelo a que foi conceituada, coloca o país no patamar de nação, mas constrói sua primeira constituição nos moldes de uma visão colonial, pois mantém o comércio de negros africanos como a mola mestra da economia do Império e da hegemonia da classe dominante, eminentemente branca.

O 10ª Fliaraxá vai trazer para o centro da discussão, passados 200 anos, o enfoque daquele sistema, sob o olhar político da época, as escaramuças provinciais, sobretudo as rebeliões escravas, no influxo da revolução do Haiti, e a visão aguda de Maria Firmina dos Reis, autora de “Úrsula” (1859), romance abolicionista que a projeta pioneira no cenário de uma literatura feminina de autoria negra e como a primeira mulher a publicar um romance de fôlego no país.

O escritor Itamar Vieira Júnior, autor que se consagrou não só pelo grande sucesso do seu “Torto Arado” – vencedor dos prêmios Leya, Oceanos e Jabuti, mas pela defesa de ideias sobre o cuidado com as diferenças, política de aquilombamento dos territórios negros, a questão agrária e um projeto de política cultural para o país, com foco na diversidade e base em algo dialoga com o universo das produções literárias com viés nas africanidades, expressas no Brasil e no Continente Africano.

Itamar é geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos pela Universidade Federal da Bahia. Publicou também os livros de contos “Dias”, de 2012, “A Oração do Carrasco”, de 2017, e “Doramar Ou A Odisseia: Histórias”, de 2021, sua mais recente publicação.

Com muitas novidades, o 10ª Fliaraxá mantém o tradicional “Prêmio de Redação Maria Amália Du-mont”, destinado a estudantes das escolas públicas e privadas de Araxá. O tema da redação é o mesmo do festival, “Abolição, Independência e Literatura” e, nesta edição, o professor também será agraciado, como forma de valorizar o seu papel no desenvolvimento de alunos leitores/escritores. Outra novidade é que este ano serão premiados do 1º ao 5º Lugar, nas três categorias existentes, separadas por idade. Os detalhes estão disponíveis no regulamento que pode ser acessado pelo site www.fliaraxa.com.br.

Prêmio de redação vai ser realizado enrte estudantes da rede pública e privada de Araxá — Foto: Daniel Bianchini

Prêmio de redação vai ser realizado enrte estudantes da rede pública e privada de Araxá — Foto: Daniel Bianchini

Ideogramas africanos compõem a identidade visual do 10º Fliaraxá

Norteado pelo tema “Abolição, Independência e Literatura”, o 10º Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) apresenta uma identidade visual repleta de simbologias originárias da África. Todas as peças gráficas que compõem a identidade visual desta edição do festival foram baseadas no Adinkra, um conjunto de ideogramas africanos.

Composto por mais de 90 símbolos ideográficos, o Adinkra (que significa “adeus à alma”) é um antigo sistema de escrita criado pelos povos akan, da África Ocidental, que hoje habitam o Gana e a Costa do Marfim. Representando animais, plantas, objetos, astros, entre outros, estes símbolos são utilizados, atualmente, como uma forma de recuperar, difundir e valorizar a riqueza presente nos ideários e tradições africanas.

O principal ideograma Adinkra que norteia o Fliaraxá é o Sankofa. Representado por um pássaro que olha para trás e carrega uma semente no bico, o símbolo significa a importância de se aprender com o passado para a construção do presente e do futuro. A designer gráfico araxaense Marlette Menezes, responsável pela concepção da identidade visual do 10º Fliaraxá, conta que, quando criança, ela já conhecia e desenhava o Sankofa.

“Não me recordo como nem onde aprendi, mas devem existir outras pessoas de Araxá que também fizeram o desenho na infância. Isto me deixa bastante curiosa sobre a relação que este símbolo pode ter com aspectos da origem da cidade”, comenta.

Os outros ideogramas Adinkra presentes nas peças gráficas desta edição do festival são o Mate Masie, que faz referência à sabedoria, ao conhecimento e à prudência; o Nkyn Kyin, que traz a ideia das mudanças internas e da necessidade de adaptação às reviravoltas da vida; e o Osrane ne Nsoroma, que é o símbolo da fidelidade e da sinceridade.

Segundo Marlette, além de utilizar como mote os símbolos Adinkra, a identidade visual do 10º Fliaraxá faz uso de uma paleta de cores em tons secos, “com o intuito de causar um certo estranhamento”. Para a designer, seu campo de atuação tem relação direta com o campo literário.

“Considero incrível o encontro da literatura como um objeto de interesse e trabalho do design gráfico; além de ser de Araxá e estar na cidade neste momento em que a cidade se prepara para receber a décima edição do festival”, afirma.

O Fliaraxá – Festival Literário de Araxá – foi criado em 2012 pelo empreendedor cultural Afonso Borges, diretor-presidente da Associação Cultural Sempre um Papo. As cinco primeiras edições aconteceram no pátio da Fundação Calmon Barreto, e, a partir de 2017, o festival passou a ocupar o Grande Hotel de Araxá, patrimônio histórico do Estado de Minas Gerais, edificação construída em 1942. Naquela edição, nasceu também o “Fliaraxá Gastronomia”.

Cerca de 140 mil pessoas passaram pelo festival em suas oito edições presenciais, mais de 400 autores participaram da programação e 130 mil livros foram comercializados na livraria do evento. A 9.ª edição do Fliaraxá (2020), devido a pandemia, aconteceu em formato virtual/digital/híbrida, permanecendo com programação 24 horas no ar, totalizando 101 horas de transmissão contínua.

O público, desta vez, foi contabilizado pelo número de alcance nas redes, registrando 6.294.763 de visualizações do conteúdo exibido no Facebook, Instagram, Twitter e Youtube, canais oficiais de divulgação e de exibição do festival. No site do evento, 22.556 usuários foram alcançados, num total de 58.178 visualizações do conteúdo disponível.

Serviço: 10º Fliaraxá – Festival Literário de Araxá

De 11 a 15 de maio, quarta a domingo

Tema: “Abolição, Independência e Literatura”

Formato híbrido – transmissão em tempo real pelas plataformas do festival Youtube e Facebook – @fliaraxa

Locais: Grande Hotel, Teatro Municipal Maximiliano Rocha, Parque do Cristo, Fundação Cultural Calmon Barreto.



Fonte: G1


29/04/2022 – Paranaíba e Máximus FM

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