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Acusada de matar grávida e roubar recém-nascida em João Pinheiro é condenada a mais de 30 anos de prisão


Angelina Ferreira foi condenada a 30 anos, 2 meses e 10 dias de prisão em regime fechado, pela morte de uma jovem grávida para roubar a filha dela em João Pinheiro, no Noroeste de Minas, em 2018, conforme o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). O julgamento ocorreu na quarta-feira (11) e durou 16 horas, em sessão presidida pelo juiz Maurício Pinto Filho.

Mara Cristina Ribeiro, de 23 anos, foi encontrada morta no dia 16 de outubro de 2018. Ela estava grávida de oito meses e desapareceu um dia antes, na mesma data em que a condenada, na época com 40 anos, foi até a Santa Casa de João Pinheiro com uma recém-nascida e mentiu para os médicos dizendo que a filha era dela.

A decisão pelo júri popular ocorreu em 2020, mas o julgamento só foi marcado no fim de abril de 2022. Angelina Ferreira foi condenada por dar parto alheio como próprio, homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel, e dissimulação. Havia a possibilidade dela também ser acusada por subtração de menor de 18 anos, porém, o crime foi desconsiderado a pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

Ela estava presa preventivamente desde agosto de 2019 no Presídio de João Pinheiro, após expedição de mandado de prisão, para onde foi levada depois do julgamento.

A defesa de Angelina foi composta por 6 advogados e sustentou a tese de que a ré não teria boa saúde mental para entender o caráter ilícito da pena. Assim, solicitou que fosse aplicada medida de segurança.

Após o julgamento, a defesa de Angelina falou com a TV integração e afirmou que vai recorrer da decisão no TJMG.

“Nós da defesa entendemos que houve um cerceamento no julgamento, tendo em vista que assumimos esse processo já na fase derradeira, tentando juntar documentos que comprovam que a Angelina, não possui a algidez mental para conseguir entender o caráter ilícito do fato e esses documentos foram indeferidos pelo magistrado após manifestação do Ministério Público. Através de uma apelação nós vamos tentar reverter essa decisão proferida na sessão de julgamento”, afirmou o advogado Marcelo Brito.

Segundo o promotor do MPMG, Edon José Rodarte Filho, a sentença atendeu ao clamor público por justiça.

“Nós tivemos um veredito que encampou as teses do Ministério do Público. Nós procuramos apresentar aos jurados as provas dos autos que apontavam tanto para a responsabilidade do crime quanto para a sanidade da ré. Não havia no processo nada que tirasse algum desses elementos de modo que a tese defensiva que a ré não tinha capacidade em relação ao fato, e, portanto, não deveria receber uma pena e sim uma medida de segurança, não foi encapada pelos jurados”, disse o promotor.

Região onde corpo de grávida foi encontrado em João Pinheiro, foto de arquivo de 2018 — Foto: Paulo Barbosa/G1

Região onde corpo de grávida foi encontrado em João Pinheiro, foto de arquivo de 2018 — Foto: Paulo Barbosa/G1

Angelina Ferreira chegou com o marido e a recém-nascida na Santa Casa de João Pinheiro, no dia 15 de outubro de 2018, apresentando estar nervosa e alegando que havia acabado de dar à luz. No entanto, por estar caminhando normalmente e se recusar a fazer exames clínicos os funcionários desconfiaram e acionaram a Polícia Militar (PM).

No hospital, os militares convenceram a mulher a realizar o exame médico. Entretanto, durante o procedimento, ela confessou que a recém-nascida não era filha dela, mas da jovem de 23 anos, Mara Cristina Ribeiro.

A recém-nascida foi levada para o Hospital São Lucas, em Patos de Minas, em quadro de saúde estável e passou por exames.

Buscas foram feitas pela PM e moradores e o corpo da vítima foi encontrado no dia seguinte. Ela estava em uma área de reserva próxima à BR-040. Segundo informações da Polícia Civil, a vítima estava amarrada pelo pescoço com um arame e tinha um corte na barriga feito para retirar o bebê.

Durante as investigações da Polícia Civil, Angelina apresentou duas versões sobre a morte de Mara. Inicialmente, ela relatou que horas antes, ambas foram até um bairro da cidade e encontraram uma outra mulher.

Ela contou ainda que ficou às margens da BR-040 enquanto a grávida e a mulher entraram no matagal; que pouco depois apenas a outra pessoa apareceu com uma recém-nascida nos braços e pediu para que Angelina a levasse para o hospital imediatamente. Angelina ainda passou em casa, trocou de roupa que estava suja de sangue, e foi para o hospital.

Depois, em depoimento à Polícia Civil, Angelina confessou o crime e negou a participação do marido e de uma terceira pessoa no caso, conforme ela havia dito na primeira versão dos fatos.

“Ela confessou que atraiu a jovem para as margens da BR-040 e lá a dopou com álcool, enforcou ela com fio de metal, pendurou na árvore e abriu a barriga dela para tirar o recém-nascido,” informou o delegado Carlos Henrique.

Ainda em depoimento, conforme o delegado, a autora disse que percebeu que a jovem estava viva quando ela retirou a menina.

De acordo com a Polícia Civil a mulher falava que estava grávida, o que não se confirmou através dos exames que foram feitos nela. “Acreditamos que ela possa ter premeditado este crime, agindo juntamente com o marido,” informou o delegado.

Contato entre a vítima e a ré

Euza Ribeiro, tia da vítima, disse à época do crime, que o relacionamento entre Angelina Ferreira e a sobrinha se intensificou quando Mara soube que estava grávida.

“A mulher sempre sonhou em ter uma menina e quando ela viu que minha sobrinha engravidou ela começou a oferecer ajuda. Emprestou dinheiro para fazer ultrassom e ontem [dia do crime] falou que iria comprar o enxoval para ajudar”.

A Polícia Civil encerrou o inquérito do caso no dia 25 de outubro de 2018. De acordo com o delegado Anderson Rosa, Angelina foi indiciada pelos crimes de dar parto alheio como próprio, subtração de incapaz e homicídio qualificado pelo motivo fútil, meio cruel, à traição e mediante emboscada e ocultação de outro crime.

Ainda conforme o delegado, o marido de Angelina, que também estava preso preventivamente, não foi indiciado, pois ficou indicado que ele não teria tido participação no crime.

As investigações apontaram também que não houve participação de terceira pessoa. “Ela conseguiu amarrar a grávida porque a atraiu para local ermo e em dado momento a atacou jogando álcool no rosto e passando o arame no pescoço dela, pressionando até que desmaiasse. Angelina é maior e mais forte que a Mara”.

Segundo o delegado Anderson Rosa, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a causa da morte de Mara foi “anemia hemorrágica interna e externa”, o que indica que a vítima ainda estava viva quando a recém-nascida foi retirada do ventre. Ainda segundo o laudo, não houve asfixia como causa da morte

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Fonte: G1


12/05/2022 – Paranaíba e Máximus FM

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