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Um dia após se comemorar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, em 2 de abril, uma notícia que pode representar avanço no diagnóstico dessa condição de saúde. O professor Murillo Guimarães Carneiro, da Faculdade de Computação (Facom) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que busca desenvolver métodos computacionais para auxiliar a área da saúde, coordena um projeto para que seja possível realizar o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) através da saliva.
Segundo o doutor em Ciências da Computação e Matemática Computacional, a criação de método com determinação biológica poderia facilitar e tornar o diagnóstico mais preciso, além de favorecer a intervenção precoce para dar condições melhores de vida para as pessoas com TEA.
“A saliva também é um fluido biológico e também contém proteínas, metabólicos, vários outros componentes e ela traz uma série de facilidades para o processo de diagnóstico, tem grande pontencial para identificar [nela] várias patologias. Além de possibilitar uma coleta indolor e não-invasiva”, explicou Carneio em entrevista ao podcast da UFU, “Ciência ao Pé do Ouvido”.
O TEA é um distúrbio neurológico que pode afetar a interação social e a capacidade de comunicação, de acordo com o Ministério da Saúde. Há variações quanto ao grau de comprometimento, que deve ser avaliado o quanto antes para começar o tratamento.
O projeto conta com a colaboração de outros docentes da UFU, como Robinson Sabino da Silva, professor da Faculdade de Odontologia (FO) e especialista em dispositivos sustentáveis para diagnóstico de doenças por saliva.
O método, que ainda está em desenvolvimento pelos pesquisadores da UFU, utiliza a espectroscopia, uma técnica que determina as interações moleculares de luzes infravermelhas emitidas por meio da saliva. E o resultado disso é analisado por algoritmos que podem identificar os pacientes com TEA.
A inteligência artificial (IA) é aliada do projeto. “O que eu costumo dizer para os meus alunos é que a IA é o desenvolvimento de métodos computacionais que vão simular decisões, comportamentos e aprendizados de uma forma lógica e racional. Em certas aplicações, ela pode atuar na tentativa de simular o pensamento e a forma de agir do ser humano”, explicou Carneiro.
Os sistemas complexos são usados para criar novas soluções em IA. “É um campo rico, do qual conseguimos aproximar e entender parte dele”, disse o pesquisador. As redes sociais e a rede cerebral humana são exemplos de sistemas complexos, que compreendem um conjunto de unidades que interagem entre si.
“A gente tem trabalhado por pelo menos dez anos desenvolvendo novos modelos e conseguido resultados muito interessantes e promissores nesse estoque. O objetivo é explorar esse tópico e também no diagnóstico de TEA”, conclui o professor Carneiro.