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A absolvição do carroceiro Eurípedes Martins, de 56 anos, que ficou conhecido como “Maníaco de Araguari”, foi mantida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), após julgamento de recurso apresentado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
Em maio de 2019, ele foi absolvido em júri popular, durante 1ª instância, pela morte da adolescente Lara Rodrigues Caetano Pereira, de 13 anos, e ocultação de cadáver, em 2004. Dos 7 jurados, 4 votaram pela absolvição de Eurípedes.
O MPMG ainda pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em nota enviada à TV Integração, o Ministério Público informou que a procuradoria de Justiça vai apurar o caso para definir o se vai apresentar recurso.
A TV Integração também entrou com o advogado, Paulo Braganti, que afirmou que Eurípedes está internado em estado grave no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), onde realiza tratamento contra o câncer.
Eurípedes também é suspeito de matar outras 4 vítimas entre 13 e 57 anos. Veja abaixo.
Lara foi morta em uma estrada no Bairro de Fátima. O corpo foi encontrado seminu em um matagal alguns dias depois. Eurípedes foi denunciado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Em 2014, o júri popular pela morte de Lara foi marcado, mas o julgamento foi adiado a pedido do advogado de defesa, após o exame de sanidade mental do cliente solicitado pelo MPMG não ser feito.
O exame foi feito depois do adiamento e anexado ao processo. Eurípedes aguardou novo julgamento em liberdade.
De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em 23 de agosto de 2004, Lara e mais três amigas tinham combinado de ir à praça do Bairro Goiás às 19h30. Antes de saírem, Lara pegou a bicicleta de uma das amigas para ir em casa tomar banho.
No caminho, ela encontrou um rapaz de cerca de 35 anos que ofereceu a ela R$ 20 para que eles tivessem relações sexuais. Então, eles combinaram de se encontrar em frente a uma igreja para depois seguirem para um motel.
Lara foi em casa, tomou banho e foi até a igreja. Nesse local, a adolescente foi abordada por Eurípedes, que perguntou para onde ela iria. Lara respondeu que iria fazer um programa sexual com um rapaz em um motel e que depois ela iria comprar drogas com uma traficante.
Com essas informações, Eurípedes esperou a adolescente em frente ao motel por cerca de 30 minutos. Quando ela saiu, ele a abordou novamente e a convenceu a usar crack em um local mais deserto. Então, os dois seguiram até a estrada que dá acesso à fazenda “Cachoeirinha”.
Segundo a denúncia, a morte ocorreu por motivo torpe e que havia sido encomendada para um ritual de magia negra. Ainda conforme o texto, o denunciado agrediu a vítima com socos e chutes na cabeça, golpes que a deixaram atordoada e sem defesa e, em seguida, agarrou-a pelo pescoço e o torceu jogando-a ao chão.
Consta também no documento que depois o denunciado pegou o corpo da vítima e o arrastou da estrada para o mato, retirou a blusa dela e depois cobriu o corpo com uma blusa azul e, para dificultar o encontro do cadáver, colocou-o sobre a bicicleta dela”.
O novo julgamento de Eurípedes Martins ocorreu em maio de 2019. No júri de sete jurados, composto por seis mulheres e um homem, ele foi absolvido por quatro votos a três das acusações de homicídio e ocultação de cadáver.
Logo após a decisão, Eurípedes afirmou ter tirado um peso das costas.
“Tirou um peso. É difícil a gente não dever nada e pagar por uma coisa que não fez. Tem mais pela frente, mas tenho certeza de que os outros [casos] serão a mesma coisa”, disse Eurípedes à época.
Já o advogado Paulo Braganti chamou a atenção para a complexidade do caso, mas disse que acreditava na decisão favorável ao cliente. “Eu acreditava que esse fosse o resultado final. O trabalho do promotor de Justiça foi excepcional, muito difícil. Todos viram a dificuldade que é conseguir provar uma situação como a que aconteceu no caso do Eurípedes. Só no final de uma sessão do júri é que a gente tem a certeza do resultado”, disse Braganti.
Após o julgamento, o Ministério Público de Minas Gerais protocolou recurso. No entanto, a absolvição de Eurípedes foi mantida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
‘Maníaco de Araguari’ é inocentado durante júri popular
Segundo a investigação da Polícia Civil, o carroceiro também é suspeito de cometer uma série de crimes violentos em Araguari. Entre 2004 e 2006, vários restos mortais como crânios e arcadas dentárias com sinais de violência foram encontrados em várias partes da cidade.
À época, aulas noturnas foram paralisadas como medida de proteção. Além de Lara, Eurípedes foi apontado como suspeito de cometer outros 4 assassinatos, sendo que as vítimas tinham entre 13 e 57 anos.
Ele foi preso após a Polícia Civil identificar as características físicas dele a partir de um retrato falado feito por uma pessoa que teria fugido após ser abordada pelo então suspeito. Na casa dele, foi encontrada uma calcinha, que foi identificada pela filha de uma desaparecida.
Após ser preso, Eurípedes chegou a confessar os crimes, mas passou a negá-los afirmando que teria sido influenciado para assumir a responsabilidade pelos assassinatos.
De acordo com o delegado Wagner Pinto de Souza, da Divisão de Crimes contra a Vida, responsável pelo caso à época, o suspeito agia sempre da mesma maneira. Ele vigiava as vítimas enquanto andava de bicicleta pela cidade e aguardava a oportunidade de convidá-las para um passeio.
Depois de levar as vítimas para matagais na área rural, o suspeito espancava elas até a morte utilizando pedras e pedaços de madeira, e as estuprava após a morte.