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No último sábado (21) aconteceu o primeiro programa da Série “Localização”. Criado pela Rádio Paranaíba 99.5 MHz, o projeto contará um pouco da história de diversos locais na região de Rio Paranaíba.
E para iniciar a série, a equipe da Rádio Paranaíba esteve no Distrito de Chaves mostrando a história local. E na oportunidade, realizou uma homenagem para as “Mulheres de Chaves”, que são um grupo de empreendedoras no município.
O Projeto teve início em 2016 através da confecção e venda de produtos e artigos manufaturados pelas moradoras do Distrito e juntamente com o Time Enactus UFV-CRP, atua na igualdade de gênero e empoderando as mulheres da comunidade.
Chaves é um pequeno Distrito de Rio Paranaíba, com pouco mais de 3000 habitantes, onde existem moradoras com grande potencial culinário e artesanal, com aptidões empreendedoras vendendo seus produtos de forma simples na comunidade e região.
O Time Enactus UFV-CRP surge com o projeto Mulheres de Chaves, com o objetivo de trabalhar como uma aceleradora de negócios por meio do empoderamento de mulheres e da valorização regional dos seus produtos, mostrando que este trabalho pode e deve ser reconhecido como forma de sustento familiar.
Em 2017, a TV Integração realizou uma reportagem intitulada “Conheça a história das Mulheres de Chaves’ que fazem do campo mais que uma fonte de renda”, confira:
Sobre o Distrito, a vereadora de Rio Paranaíba, Leida Maria Silva Oliveira e também filha de Chaves, conta a trajetória desde os primórdios da Comunidade até os dias atuais, confira:
Após a emancipação política da cidade de Rio Paranaíba, o então prefeito o Sr. Hilarindo Rocha, resolve abrir uma estrada pelas Serras do Glória que desse acesso à BR 354, que ligava Patos de Minas a Belo Horizonte, até então só haviam rodovias de terra. Não havia maquinário na Prefeitura, logo, contratou-se peões que cavaram a terra e as pedras da serra na enxada e picareta, alguns anos depois, a estrada estava concluída, história esta muito contada por um dos peões que ali trabalhou, o saudoso Sô Ouro.
Com o objetivo de arrecadar fundos para ajudar na Prefeitura, fincaram dois esteios e atravessaram ali algumas tábuas logo na entrada do pequeno vilarejo, hoje a Avenida João Paulo. Com apenas algumas casas, quem quisesse por ali passar pagava uma taxa e o dono da casa era o Sr. João Neca que possuía as Chaves do cadeado que abria e recebia a taxa e em seguida, trancava novamente e todos obedeciam a ordem.
Ao lado da casa do Sr. João Neca havia um pequeno armazém com variedades de mercadorias que abastecia os moradores de Olhos D’Água e região. Tinha arame, pregos para cercas, querosene para as lamparinas e alimentos diversos. O Sr. Tunico Simão com seu filho de 12 anos o Wilsom (Canela) sempre trazia da fazenda Hermo até aqui em carro de boi os porcos que eram abatidos e vendidos para os fregueses o toucinho e a carne.
Em frente a mercearia local, onde hoje é a residência do Sr. Sergio havia uma pequena farmácia que o farmacêutico receitava aos pacientes que o procuravam. A notícia da nova estrada ligando Rio Paranaíba ao povoado então chamado de Hilarilândia, se espalhava pelas cidades vizinhas, e a população que vinha ver, pagava a taxa ao Sr. João que tinha as Chaves em mãos, ele abria e fechava a porteira.
Nessa época só existia a Mercearia em frente à casa do Sr. Deba com uma farmácia onde atendia os doentes. Na esquina da casa do Tião Izá, ao lado, havia a casa do Sr. Farnésio e Nenê, a casa do Aristeu da Prachedes local onde hoje é a residência do Sr. Canela e D. Edith, e que a rádio Paranaíba visitou durante o programa. A seguir, havia a casa do Sr. Geraldo Sonico e D. Osvalda a primeira professora onde na sua residência, existiu a primeira escola da Comunidade. Com o passar do tempo vieram D. Angélica e Zelita que alfabetizaram muitos alunos que por ali passaram.
Alguns anos se passaram e chegaram para comprar a Mercearia o Sr. Antônio Henriques e D. Conceição onde ampliaram o armazém e foi construído uma grande varanda que era ponto de encontro dos boiadeiros que ao reunirem ali vacas e bois chegando até 300 cabeças, partiam para a cidade de Barretos – São Paulo levando até 22 dias na estrada e também tocavam a boiada até a cidade de Araguari.
Desses boiadeiros, citamos aqui alguns como o Wilsom (o Canela) que guarda ainda como lembrança da época a sua linda bardrama que servia para cobrir o arreio dos burros, com ele também o Sr. Ageu do Tunico aqui presente que era o tocador do berrante, o Divino Tiadora, o Zé Bié, o Sr. Osvaldo Ventura entre outros tantos que já nos deixaram. E também fazia parte da comitiva o Sr. Jairo Mulato, o cozinheiro da turma que levava no lombo de seu burro as broacas em forma de caixotes de madeira cobertos de couro de boi onde guardava os mantimentos para não molhar nem tomar sol e durante a viagem fazia à beira da estrada, o arroz carreteiro de carne seca. Chegando ao frigorífico de Barretos os animais eram comercializados pelo Sr. Odilio Boaventura e o Sr. Boni da cidade de Arapuá.
Com o passar do tempo, foi eleito vereador o Sr. Antônio Simão de Menezes “O Português”, que construiu a escola e a Igreja no povoado que, após suspender o pagamento das taxas ganhou o nome de “Chaves”. Com a doação do terreno pelo Sr. Januário da Maria foi então construída a Escola João Barbosa de Barros e a Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Várias outras famílias aos poucos, foram chegando e acampando nos serrados sem donos e o povoado ia crescendo. Citamos aqui os primeiros habitantes que com carinho lembramos: Sr. João Rufino, Sr. Augustão Pai do Lidei, Sr. Nego Pinto pai do Sr. Divino Pinto, Sr. João Marujo, Sr. Tião Corrêa, Sr. Avelino Rodrigues entre outros.
Com a construção da Capela D. Conceição os fiéis eram convocados a dirigirem à Igreja para as orações. De vez em quando, o Sr. João Macaúba em seu Jeep trazia de Rio Paranaíba o Monsenhor Sebastião Fernandes para a celebração das missas e festas trazendo a comunhão aos fiéis. Antes das celebrações das missas e novenas, muitas músicas eram tocadas na antiga vitrola na sacristia saindo pelos alto-falantes, com oferecimento aos namorados e amigos onde se pagava uma taxa que era depositada aos cofres da Igreja.
Joaquim Menino, Sô Ouro, Chico Sonico, Birro, João Cassiano, Pedro Clara, Miguel Antônio entre outros alunos estudaram na escola do povoado. Também estudou na Escola João Barbosa de Barros o Zé Gameleira, avô do atual Diretor da Rádio Paranaíba, Sr. Sebastião Rogério da Silva e até hoje na fazenda Glória de propriedade do Tiãozinho do Tute existe o pasto da gameleira onde era a sua propriedade. Passaram pela Comunidade grandes circos de rodeio com duplas de famosos sertanejos que lá apresentaram. Com o passar dos anos vieram comprar a mercearia o Sr. Aristeu Marinho e D Rita que até hoje com sua família residem em Chaves e continuam contando a história da Comunidade.
Os anos se passaram, os novos prefeitos foram deixando suas marcas, Jaime Silva que trouxe eletricidade e água encanada deixando de lado as cisternas. Zé Maria Rocha que gramou o Campo de futebol feito com enxadas a mão pela mocidade da época dos anos 50. Vieram a seguir o Posto de Saúde com atendimento médico, a creche e asfalto nas ruas. João Gutemberg termina e inaugura o novo Posto de Saúde. O Posto Policial desapropriou parte das chácaras da Mirandópolis dando oportunidades de muitas famílias terem sua casa própria e a Comunidade se expandir. Marcinho reformou a pracinha da Capela e deu início a construção da nova escola. Chegando ao atual prefeito Valdemir Diógenes da Silva (Tepira), a escola foi concluída e inaugurada dando mais conforto aos alunos e professores, mais ruas asfaltadas, academia ao ar livre além da substituição das luminárias convencionais para de LED, que aconteceu na última semana.
Com o tempo e o progresso chegando, novas Igrejas, comércios, mercearias, supermercados e lanchonetes, bares e restaurantes, açougues e lojas foram construídos. E hoje a internet modernizada com fibra óptica vinda através do trabalho do filho dessa terra, André Alves. E com o apoio da Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio Paranaíba existe a cooperativa das “Mulheres de Chaves”, contando com a coordenação e iniciativa da D. Maria do Lé com a fábrica dos diversos tipos de doces, o açafrão os artesanatos e também o tradicional Café Chavense de propriedade do Sr. Heli Pinto. Onde ambos tem ultrapassado as barreiras chegando até o Exterior.
Confira como foi o primeiro programa da série “Localização” em Chaves.