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A luta pelo respeito aos direitos da comunidade LGBTQIA+ não se resume apenas às capitais e grandes cidades do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. Mesmo sediado no interior de Minas Gerais, o Coletivo pela Diversidade Beth Pantera, em Uberaba, conta com mais de 50 pessoas para organizar e liderar as reivindicações do grupo desde as ruas até o Legislativo.
Nesta terça-feira (28), dia em que é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, o g1 publica reportagem feita com duas das fundadoras do coletivo, as professoras e ativistas Thaís Villa e Mellanye Divine, para saber mais sobre as atividades do grupo na cidade. Confira também quem foi Beth Pantera, personalidade que dá nome ao grupo.
A história do coletivo Beth Pantera começou em agosto de 2021, quando Mellanye, Thaís e outras lideranças da comunidade se encontraram em uma manifestação contra o Governo Federal. Naquele contexto, os integrantes sentiram a necessidade de unirem as diferentes demandas apresentadas pela comunidade em uma mesma frente de luta.
“Essa luta não é em um tom belicoso, mas, sim, de organização para demandar direitos humanos e necessidades muito específicas que já estão previstas em legislações”, explicou Mellanye.
Apesar do contexto em que surgiu, o coletivo é considerado um ambiente suprapartidário, ou seja, os membros não precisam estar filiados a nenhum partido político. O importante, segundo as fundadoras, é ter o interesse de batalhar pelas causas das pessoas mais vulneráveis, como as travestis e transexuais.
“Dedicamos nosso tempo porque acreditamos que todos os direitos e toda a liberdade são lutas constantes. Não podemos pensar que eles foram ou serão dados. Eles foram conquistados pelo sangue de muita gente, desde o início da história deste país”, afirma Thaís.
Para os fundadores, a própria escolha do nome do coletivo, por si só, já representa um ato de protesto. Beth Pantera foi uma travesti e ativista uberabense que atuava como uma das líderes da comunidade na cidade.
Beth Pantera deu nome ao coletivo LGBTQIA+ de Uberaba — Foto: Acervo da família
Em janeiro de 2014, Beth foi morta a tiros enquanto trabalhava como profissional do sexo na Avenida Coronel Joaquim de Oliveira Prata. Até a publicação desta reportagem, a autoria do crime ainda não havia sido descoberta.
“Esse nome é para lembramos de trazer sempre um olhar cuidadoso para essas pessoas que, simplesmente, não podem pertencer”, conta Mellanye.
Com o nome de Beth em destaque, o coletivo já teve conquistas para celebrar durante os quase 11 meses de existência. Entre elas, está a realização da 1ª audiência pública pelos direitos da comunidade LGBTQIAP+ da cidade.
O evento foi realizado em outubro de 2021 e contou com a presença de 5 dos 21 vereadores do Legislativo de Uberaba. “Para a audiência, formulamos um caderno com 23 demandas que precisavam ser atendidas de forma urgente. Não são pedidos por privilégios, mas por coisas que já constam na legislação”, explica Mellanye.
A lista conta com reivindicações em diversas esferas, como a criação do Conselho Municipal de combate à discriminação e promoção de direitos da população LGBTQIA+, a abertura do Ambulatório Trans de Uberaba e a garantia de empregabilidade e de serviços de saúde que atendam à comunidade de forma direcionada e inclusiva, entre outras demandas.
Coletivo LGBTQIA+ Beth Pantera realiza diversas ações em Uberaba — Foto: Wladimir Raeder/Arquivo
Além da audiência, outro projeto do coletivo que está em andamento é o mapeamento das necessidades de políticas públicas da comunidade. A iniciativa, que está sendo desenvolvida em parceria com o coletivo da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), deve ser lançada em agosto e contará com um formulário a ser preenchido no site da Prefeitura.
“Faremos esse mapeamento porque entendemos que as necessidade são problemas coletivos, e só podemos tratar delas coletivamente”, complementa a ativista.
Muito além das pautas coletivas, o trabalho do Beth Pantera acabou por influenciar, também, a vida pessoal das fundadoras. Para Thaís, a própria experiência como professora a inspira a seguir em atuação no coletivo.
“Se cada um doar um pouquinho do seu tempo para uma luta coletiva, o mundo pode ser transformado. Eu sou professora e, até por isso, acredito na transformação social”, disse.
Da mesma forma, para Mellanye, o que a mantém em luta constante pelos direitos da comunidade são os elos construídos no caminho.
“O coletivo representa, para mim, a possibilidade de ser no mundo o que eu sou, sem a necessidade de ficar me colocando em molduras que eu não formatei. Dentro do coletivo, sou acolhida e escutadaa como eu sou, e isso é libertador”, completa Mellanye.