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Oito transexuais e travestis em situação de trabalho análogo à escravidão foram resgatadas em Uberlândia durante a 6ª fase da operação “Libertas”, desencadeada na terça-feira (15). Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), elas estavam sofrendo exploração sexual e financeira.
As vítimas resgatadas nesta fase terão direito a benefícios do seguro-desemprego especial. As pessoas classificadas como empregadoras serão as que exploravam o trabalho sexual delas e as deixavam em situações “indignas”.
“Nós chegamos à conclusão que existe um trabalho escravo em uma leitura contemporânea. As meninas, para trabalhar em Uberlândia, são obrigadas a ficar nesses alojamentos e chega ao ponto de ter geladeiras trancadas. Então, elas têm que comprar os alimentos que estão nesses locais”, comentou o promotor do Gaeco, Thiago Ferraz.
Ao todo, 10 imóveis foram visitados durante a operação em Uberlândia e Criciúma. Alguns dos endereços visitados são de Pâmela Volp, alvo da operação desde a primeira fase.
Entre os pontos visitados estava um abrigo na Avenida Professora Minervina Cândida de Oliveira. O local foi interditado pela vigilância sanitária, após serem flagradas diversas irregularidades, entre elas, a geladeira com o cadeado.
Trabalho de travestis e transexuais é alvo da 6ª fase da Operação Libertas em Uberlândia
Ferraz também explicou que mesmo com as principais envolvidas presas, pessoas de fora seguem explorando o trabalho das travestis e transexuais.
“Nós descobrimos que existem outras duas pessoas que permanecem explorando aqui fora o trabalho imprimido pela senhora que está presa. Então a partir de agora, se tirar um opressor do local e colocou outro, nós vamos tomar providência para que isso acabe em Uberlândia. Vamos tomar medidas judiciais, inclusive criminais contra essas pessoas”, afirmou.
A 6ª fase da Operação “Libertas” contou com equipes do Gaeco, do Ministério Público do Trabalho (MPT), da auditoria fiscal do trabalho e das polícias Militar e Federal.
Quarto onde vivem travestis e transexuais que são vítimas de trabalho análogo à escravidão em Uberlândia — Foto: Michele Ferreira/g1
O Profissão Repórter de terça-feira mostrou a vida das pessoas trans no Brasil, entre elas, em Uberlândia.
Caco Barcellos e o repórter cinematográfico Luiz Silva e Silva acompanharam auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Previdência que investigam a exploração sexual, as ameaças e as condições de trabalho em pensões e casas noturnas. Veja o vídeo abaixo:
Auditores fiscais do Trabalho afirmam que ex-vereadora de Uberlândia chefia grupo que explora mulheres trans e travestis
No dia 8 de novembro de 2021, a exploração sexual de travestis e transexuais foi alvo de investigação na cidade. Na época, o Gaeco deflagrou a 1ª fase da Operação “Libertas”, que visava combater uma organização criminosa e, entre os alvos estavam a ex-vereadora Pâmela Volp, a filha, Paula Volp e Lamar Bionda.
Posteriormente, outras três fases da ação foram realizadas. Uma delas resultou na prisão de Paula Coco. E entre os mandados de busca e apreensão, um dos locais foi um mausoléu da família de Pâmela Volp na cidade de Tupaciguara.
Ex-vereadora Pâmela Volp, foto de arquivo — Foto: Aline Rezende/Câmara de Uberlândia/Divulgação
Durante a investigação, Pâmela e a filha, Paula Volp, foram denunciadas pelo MPMG, na mesma operação, por uma tentativa de latrocínio ocorrida em 2018 contra uma travesti, em Uberlândia.
Entre os delitos cometidos pela quadrilha estão: associação criminosa, exploração sexual, manutenção de casa de prostituição, roubo, lesão corporal, homicídio, constrangimento ilegal, ameaça, posse e porte de arma de fogo.
Ainda segundo o MPMG, há relatos de que o esquema criminoso tenha iniciado em 1992 e, assim, já dura 30 anos.