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Após ter habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Paula Volp deixou a Penitenciária de Uberlândia I, no fim da tarde desta sexta-feira (18). Ela é suspeita de participar de uma organização criminosa investigada por exploração sexuais de travestis e transexuais em Uberlândia
Em novembro de 2021, o g1 mostrou que, além de Paula, a mãe dela e ex-vereadora Pâmela Volp e Lamar Bionda foram presas durante a “Operação Libertas”. Na última terça-feira (15), foi realizada a 6ª fase da operação (veja mais baixo).
O habeas corpus foi concedido na quinta-feira (17) e, desde então, a defesa trabalhava para que ela aguardasse o andamento do processo em liberdade. De acordo com o advogado Anísio Gil, a liberação ocorreu como já era esperado.
“A Paula Volp está em casa e vai responder ao processo em liberdade. Um voto de confiança dado pelo Poder Judiciário. Agora, a partir dos próximos atos processuais, esperamos elucidar os fatos nos quais ela, erroneamente, figura como ré”, afirmou.
‘Operação Libertas’: Paula Volp deixa penitenciária em Uberlândia
Oito transexuais e travestis em situação de trabalho análogo à escravidão foram resgatadas em Uberlândia durante a 6ª fase da Operação “Libertas”, desencadeada na última terça-feira (15).
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), elas sofriam exploração sexual e financeira. As vítimas resgatadas nesta fase terão direito a benefícios do seguro-desemprego especial.
“Nós chegamos à conclusão que existe um trabalho escravo em uma leitura contemporânea. As meninas, para trabalhar em Uberlândia, são obrigadas a ficar nesses alojamentos e chega ao ponto de ter geladeiras trancadas. Então, elas têm que comprar os alimentos que estão nesses locais”, comentou o promotor do Gaeco, Thiago Ferraz.
Ao todo, 10 imóveis foram visitados durante a operação em Uberlândia e Criciúma (SC). Alguns dos endereços visitados são de Pâmela Volp, alvo da operação desde a primeira fase.
Entre os pontos visitados estava um abrigo na Avenida Professora Minervina Cândida de Oliveira. O local foi interditado pela Vigilância Sanitária, após serem flagradas diversas irregularidades, entre elas, a geladeira com o cadeado.
Ferraz também explicou que mesmo com as principais envolvidas presas, pessoas de fora seguem com o trabalho de exploração das travestis e transexuais.
“Nós descobrimos que existem outras duas pessoas que permanecem explorando aqui fora o trabalho imprimido pela senhora que está presa. Então a partir de agora, se tirar um opressor do local e colocou outro, nós vamos tomar providência para que isso acabe em Uberlândia. Vamos tomar medidas judiciais, inclusive criminais contra essas pessoas”, afirmou.
A 6ª fase da Operação “Libertas” contou com equipes do Gaeco, do Ministério Público do Trabalho (MPT), da auditoria fiscal do trabalho e das polícias Militar e Federal.
Quarto onde vivem travestis e transexuais que são vítimas de trabalho análogo à escravidão em Uberlândia — Foto: Michele Ferreira/g1
O Profissão Repórter do dia 15 de março mostrou a vida das pessoas trans no Brasil, entre elas, em Uberlândia.
Caco Barcellos e o repórter cinematográfico Luiz Silva e Silva acompanharam auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Previdência que investigam a exploração sexual, as ameaças e as condições de trabalho em pensões e casas noturnas. Veja o vídeo abaixo:
Auditores fiscais do Trabalho afirmam que ex-vereadora de Uberlândia chefia grupo que explora mulheres trans e travestis
No dia 8 de novembro de 2021, a exploração sexual de travestis e transexuais foi alvo de investigação na cidade. Na época, o Gaeco deflagrou a 1ª fase da Operação “Libertas”, que visava combater uma organização criminosa e, entre os alvos estavam a ex-vereadora Pâmela Volp, a filha, Paula Volp e Lamar Bionda.
Posteriormente, outras três fases da ação foram realizadas. Uma delas resultou na prisão de Paula Coco. Ela é suspeita de fazer a ponte entre Criciúma e Uberlândia.
Durante a investigação, Pâmela e a filha, Paula Volp, foram denunciadas pelo MPMG, na mesma operação, por uma tentativa de latrocínio ocorrida em 2018 contra uma travesti, em Uberlândia.
Entre os delitos cometidos pela quadrilha estão: associação criminosa, exploração sexual, manutenção de casa de prostituição, roubo, lesão corporal, homicídio, constrangimento ilegal, ameaça, posse e porte de arma de fogo.
Ainda segundo o MPMG, há relatos de que o esquema criminoso tenha iniciado em 1992 e, assim, já dura 30 anos.
Ex-vereadora Pâmela Volp, foto de arquivo — Foto: Aline Rezende/Câmara de Uberlândia/Divulgação