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Uma pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com a Universidade de Nottingham, no Reino Unido, com a colaboração da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), apresentou uma nova técnica de análise de soro coletado dos pacientes que poderá aprimorar o diagnóstico e até o tratamento para o vírus da hepatite C.
Responsável por mais de 180 milhões de infecções em todo o mundo, o vírus é caracterizado pelo processo inflamatório persistente do fígado. Transmitido por qualquer forma de contato com sangue contaminado, a hepatite C é majoritariamente identificado em países de baixa e média renda. A pesquisa das universidades do Triângulo Mineiro tem entre os principais benefícios está o baixo custo e a pequena estrutura necessária para realizá-lo, permitindo que o diagnóstico seja ampliado nesses países.
“Quanto mais publicarmos este tipo de método, mais pessoas podem reproduzi-lo e estudá-lo, tornando-o cada vez mais acessível a diversas comunidades”, explicou a doutoranda em Microbiologia pela UFU, Victória Grosche.
Grosche conduziu o trabalho que foi publicado no periódico científico britânico “Access Microbiology”, vinculado à Microbiology Society, com a coordenação da professora Ana Carolina Gomes Jardim, do Laboratório de Pesquisa em Antivirais da UFU, em parceria com o professor Patrick McClure, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido. O estudo também contou com a colaboração do professor Diego Pandeló José, do campus Iturama da UFTM, nas análises e interpretação dos resultados.
A pesquisa coletou amostras de soro – sangue – de um grupo de 80 pacientes em diferentes instituições de saúde em cidades do noroeste paulista para realização da genotipagem (examina a sequência de DNA) do HCV, o agente etiológico da hepatite C.
A novidade foi a técnica utilizada denominada “Dried Serum Spots” (DSS), em tradução livre, “Gotas de Soro Secas”, que consiste na deposição de uma gota de material biológico – neste caso, soro – em um papel filtro especial para a realização dos experimentos. Os soros dos pacientes, após serem colocados no papel e aguardado o tempo de espera, foram enviados para o Laboratório Adolf Lutz, onde foi possível realizar o sequenciamento genético das amostras biológicas coletadas.
Através do sequenciamento genético realizado na Universidade de Nottingham, Reino Unido, foi possível identificar em amostras de diferentes pacientes a presença de mutações nos aminoácidos de resistência ao tratamento.
“Esses resultados são importantes por diversos motivos, inclusive um diagnóstico mais preciso para orientação do tratamento adequado. Foi possível observar também possíveis rotas de contágio e transmissão, por meio das análises e informações coletadas nas instituições de saúde”, explicou Diego.
Para o professor Diego, o estudo mostrou pela primeira vez no Brasil que o conjunto de medidas contra o HCV, como diagnóstico, genotipagem e a análise de resistência a fármacos, pode ser realizado por meio da técnica de DSS.
“Os dados apresentados destacam a relevância do estudo das variantes circulantes para melhor compreensão da variabilidade do HCV e da resistência à terapia”. A partir do diagnóstico será possível propor um tratamento adequado como forma de combater as moléculas resistentes, utilizando antivirais específicos de ação direta (DAAs) e que causem menos danos aos pacientes.