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“Estou muito chateado, pois sempre pensei que iriam achar solução”, desabafou o professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Vladimir Ponomarov, 66 anos, nascido na Rússia, com nacionalidade ucraniana e que vive em Uberlândia há 13 anos.
A preocupação com a situação do Leste Europeu se dá pelos familiares e amigos que vivem na região. Ponomarov tem um irmão, de 78 anos, que mora na cidade de Mykolaiv, região sul do país, junto com os filhos. “Eu mantenho contato com eles, não falei nem hoje nem ontem, mas sempre mantenho contato”.
O exécito russo, com autorização do presidente Vladimir Putin, invadiu nesta quinta-feira (24) o país vizinho, a Ucrânia. Há imagens de explosões e movimentações de tanques em diferentes cidades ucranianas.
Segundo Ponomarov, ele já recebeu relatos de conhecidos que passaram por momentos de terror na Ucrânia, nesta madrugada.
“Hoje de manhã eu recebi mensagens da Ucrânia. Colegas da faculdade disseram que foram acordados com explosão de bombas”.
Vladimir Ponomarov, professor da UFU com nacionalidade russa e ucraniana — Foto: Arquivo Pessoal
Ponomarov nasceu na região do Cáucaso, sul da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1955. Em 1978, se graduou em Engenharia da Soldagem no Instituto Politécnico de Kiev, capital da Ucrânia, quando o país ainda pertencia à URSS. Ele ainda vivia na cidade quando o pais de tornou independente, em 1991.
“Quando o país se separou foi a sensação de que o povo iria sofrer, mas que estavam preparados para o sofrimento, pois não dava para viver mais daquele jeito”.
Moradores de Kiev deixam a cidade logo após bombardeios que antecederam a invasão por terra de forças da Rússia e da Belarus, ao norte da Ucrânia; estima-se que o conflito cause o deslocamento de milhões de pessoas — Foto: Pierre Crom/Getty Images
Ponomarov chegou ao Brasil em 1999 e até 2001 lecionou como professor visitante na UFU. Após uma temporada de 8 anos na Ucrânica, em 2009 Vladimir retornou à Minas Gerais para dar aulas na mesma universidade onde, além de professor, é membro do Centro para Pesquisa e Desenvolvimento de Processos de Soldagem (Laprosolda).
Distante 10.800 km do país onde viveu, se formou e tem amigos e parentes, Ponomarov pondera e lamenta a invasão da Rússia à Ucrânia.
“Dá para entender qualquer tipo de ação, menos um ataque militar”.