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Uberlândia tem 4.043 imigrantes de 123 nacionalidades, segundo a Cátedra Sérgio Vieira de Mello da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A instituição é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) por meio do Alto Comissariado das Nações Unidades para Refugiados (Acnur).
Grande parte desses imigrantes são refugiados de guerras internacionais ou civis em países como Haiti, Venezuela, África e Afeganistão. Todos buscam recomeçar a vida longe da violência.
Os dados apresentados pela cátedra foram obtidos pelo Sistema Nacional Migratório da Polícia Federal (PF). Segundo a PF, entre os anos de 2000 e 2020, o Brasil recebeu 1.504.436 imigrantes, sendo que 58.638 escolheram Minas Gerais para morar.
A TV Integração conversou com um casal de afegãos que está no Brasil desde fevereiro e não quis ser identificado. Ao todo, já são 40 afegãos morando em Uberlândia depois de fugirem do regime Talibã.
De acordo com o relato do casal, eles não se sentiam seguros no Afeganistão e foram para o Paquistão. Depois de conseguirem o visto para o Brasil, desembarcaram em São Paulo. No entanto, dias depois chegaram à cidade do Triângulo Mineiro após indicação de amigos de que a localidade era menor e boa para viver.
“Assim que chegamos eu achei Uberlândia uma boa cidade, com pessoas simpáticas. Encontramos pessoas que nos ajudaram muito, instituições de acolhimento que nos apoiaram com a cultura do Brasil e o processo de legalização de documentos”, pontuou o marido.
Atualmente, o casal e a filha moram em um abrigo coordenado por uma igreja e tem planos de recomeçar a vida na cidade. O marido é formado em Administração e tem mais de 10 anos de experiência, falando fluência em 5 idiomas.
“Eu gostaria de viver no Brasil utilizando o meu conhecimento, viver como um brasileiro, trabalhar aqui”, pontuou.
Também agradecida, a esposa disse que foi bem acolhida pelo Brasil e pelos brasileiros. No entanto, o idioma ainda é um obstáculo, pois ela fala apenas o persa, língua oficial do Afeganistão.
“As pessoas aqui são muito gentis e amáveis e queremos viver no Brasil. O que preocupa é que não temos trabalho para nosso sustento. Temos a dificuldade da língua. Precisamos de ajuda. Queremos ter uma casa e uma vida normal”, afirmou a mulher.
Uberlândia tem sido cada vez mais procurada por refugiados
Apesar do dado oficial é de mais de 4.000 imigrantes em Uberlândia, organizações não-governamentais da cidade apontam que o número está desatualizado e que, na verdade, já são mais de 5.000 pessoas de outros países. Segundo o presidente da ONG Taare, Tiago Lima, os estrangeiros precisam de políticas públicas para os insiram completamente no país, além de acesso à educação.
A Taare oferece apoio a imigrantes e realiza cerca de 300 atendimentos por mês. Na instituição, os estrangeiros recebem ajuda no ensino da língua portuguesa, assistência com documentos, psicóloga e doação de móveis, utensílios domésticos e roupas.
“Hoje, o maior fluxo que estamos atendendo são os venezuelanos e afegão, que começaram a chegar e já tem um número grande aqui na cidade. E futuramente, a gente já vê com o contexto da guerra na Ucrânia, a chegada de ucranianos na cidade”, disse Lima.
Apesar do esforço de voluntários, as organizações não-governamentais não conseguem atender todas as demandas dos imigrantes. De acordo com Tiago Lima, é preciso que políticas públicas sejam desenvolvidas, principalmente, para o abrigo da nova população.
“Não é somente um lugar para morar, mas também para facilitar os atendimentos em locais públicos, para que tenha uma outra língua que eles possam se comunicar, pois é muito difícil quando não existe alguém que fala a língua deles. É muito importante que a política pública seja desenvolvida em vários setores”, concluiu o presidente da Taare.
Para ajudar a ONG Taare, voluntários podem encontrar em contato pelo telefone (34) 9 9290-0766 ou através das redes sociais pelo endereço @ong.taare.