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Pessoas vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) podem ser atendidas com a técnica de estimulação elétrica transcraniana na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberaba. O procedimento faz parte de um estudo que demonstrou que esse método, associado a um protocolo de reabilitação, faz com que os pacientes tenham uma evolução até 30% maior que aqueles que se limitaram ao tratamento convencional.
Na última semana, a pesquisa denominada ‘Eletron Trial’ teve os resultados publicados na revista Annals of Neurology, uma das mais importantes publicações de neurociências do mundo. O estudo é conduzido pelo professor e coordenador do Departamento de Fisioterapia Aplicada da UFTM, Gustavo José Luvizutto, com o apoio do professor Rodrigo Bazan, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Segundo Luvizutto, a princípio, o estudo foi desenvolvido em 2015 como uma alternativa para melhorar a evolução clínica de pacientes vítimas de AVC que apresentam quadro de Negligência Espacial Unilateral.
“Essa condição, resultado de um déficit neurológico comum em lesões do hemisfério cerebral direito, leva a pessoa a ter dificuldade para perceber estímulos sensitivos, auditivos ou visuais do lado esquerdo do corpo e reduz muito a qualidade de vida”, explicou o pesquisador ao g1.
De acordo com o professor, a técnica consiste no uso de eletrodos não invasivos e indolores, que potencializam os efeitos da fisioterapia. Os pacientes foram submetidos à técnica de estimulação transcraniana seguida por exercícios para estimular a parte sensorial e motora do hemicorpo esquerdo por 15 sessões consecutivas.
“A partir do momento que me tornei docente na UFTM, venho desenvolvendo projetos em parceria com a Professora Luciane Sande na área de neurociências e Reabilitação, com aplicação da técnica de estimulação transcraniana em diversos pacientes neurológicos e outros contextos da fisioterapia”, contou.
Pacientes também passam por exercícios de fisioterapia associada à técnica — Foto: Gustavo Luvizzuto/Arquivo
Além de pacientes vítimas de AVC, a técnica de estimulação elétrica também pode ser usada para outros tipos de diagnóstico, segundo o pesquisador.
“A técnica pode diminuir depressão e ansiedade em casos selecionados, melhorar o desempenho de um atleta, auxiliar na redução da dor em pacientes com dores crônicas, ou até mesmo melhorar a frequência cardíaca de pacientes cardiopatas”, afirmou Luvizzoto.
Por enquanto, os atendimentos em Uberaba ocorrem dentro de projetos de pesquisa do grupo de neurociências e reabilitação, além de aplicações em casos selecionados durante atendimento ambulatorial nos estágios do curso de Fisioterapia da UFTM.
“Caso o paciente tenha AVC, dentro de 6 meses, atualmente esses indivíduos estão sendo recrutados para projetos com estimulação para melhorar o equilíbrio e locomoção” , disse Luvizzuto.
O pesquisador salientou, ainda, que a estimulação transcraniana não é indicada para indivíduos com próteses metálicas na cabeça, feridas no couro cabeludo, período de gravidez, cirurgias no couro cabeludo que cursam com a retirada óssea e clipes de aneurismas.
O participante que se encaixar nessas condições pode entrar em contato com o laboratório de neurociências e controle motor da UFTM pelo e-mail [email protected].