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De MG para o Brasil: bailarino deixa cidade pequena, se encontra com a arte drag em SP e vence concurso nacional: 'Sensação de liberdade'



De Itapagipe, no Triângulo Mineiro, Uatila Coutinho compõe o Balé da Cidade de São Paulo. No Dia Internacional do Orgulho LGBT+ ele contou ao g1 sobre como enfrentou e superou o preconceito vivido em uma cidade do interior, os aprendizados e como deu vida à Hellena Borgys. Hellena Borgys Alex Santana Ser uma pessoa LGBT+ em uma cidade pequena no interior do Brasil pode ser um desafio para quem busca se afirmar na comunidade. Foi o caso do bailarino Uatila Coutinho, natural de Itapagipe, que hoje brilha nos palcos do país como dançarino e idealizador da drag queen Hellena Borgys. No Dia Internacional do Orgulho LGBT+, lembrado nesta quarta-feira (28), Uatila conversou com o g1 e explicou quais foram as dificuldades enfrentadas por ele como homem gay e artista em um ambiente que, segundo ele, ainda é “muito conservador”. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram LEIA TAMBÉM: No dia do Orgulho LGBT+, casais contam a expectativa e a trajetória até a chegada dos filhos Itapagipense Conforme o Censo 2022, Itapagipe tem cerca de 13,6 mil habitantes. Uatila não mora mais na cidade, mas conta que guarda boas memórias do lugar e volta todos os anos para visitar a família. “Eu sou uma pessoa igual quase todo mineiro que preserva muito essa coisa de família, então eu tenho muitas lembranças com minha avó, com as minhas tias. Eu tenho muita paixão pela cidade”, conta. Apesar do carinho permanecer, o bailarino afirma que teve uma infância desafiadora em Itapagipe por conta do preconceito. “Eu sou filho de uma mulher solteira, então eu sofri muito bullying quando era criança pelo fato de ser mais afeminado e de ser filho de alguém que não tinha um marido. Eu não guardo o rancor de nada, mas a minha infância foi esse equilíbrio entre ser muito desafiador pelas coisas que eu passava, mas também ser muito feliz porque eu tinha pessoas que eu amava do meu lado”, acrescentou. Uatila (à esquerda) ao lado do marido Thales Cristóvão e da mãe Rufina Borges em Itapagipe Uatila Coutinho/Arquivo pessoal Início na dança Hoje, Uatila é dançarino do Balé da Cidade de São Paulo. O mineiro conta que as raízes dele na arte começaram ainda em Itapagipe. “Eu sempre gostei de desenhar, de pintar, de dançar, mesmo antes de entrar no balé. Quando eu estava na na quinta série, tinha um concurso na escola que era da garota do Tchan, e eu sempre ganhava esse concurso”, brinca. A paixão pela dança tomou ainda mais corpo quando ele e a família se mudaram para São José do Rio Preto (SP). Na cidade paulista, Uatila teve contato com as escolas de dança, que não existem da mesma forma em Itapagipe. “Lá, eu aprendi que ser artista é aprimorar uma coisa que às vezes você já tem como um dom. Então eu comecei a dançar e a dança foi me apresentando pra várias outras artes. Daí veio a vontade de realmente aprimorar todas essas artes na minha vida”, comenta. Bailarino Uatila Coutinho, nascido em Itapagipe Giorgio Donofrio Hellena Borgys Enquanto crescia como dançarino, Uatila encontrou outra forma de se expressar artisticamente. Por não ter tido contato com o universo drag quando era mais novo, a ideia de se montar como Hellena Borgys surgiu de forma despretensiosa. “Uma vez eu me montei pra ir numa festa, estava em um final de namoro ruim e decidi que não queria ser o Uatila naquele dia. Foi muito mágico, porque eu me diverti muito tentando trazer para o mundo uma coisa que não fosse eu. Essa sensação foi muito boa, de liberdade”, lembra. De lá para cá, Hellena Borgys tem ganhado cada vez mais destaque no mundo drag. Neste ano, ela venceu o reality show Caravana das Drags, da plataforma Amazon Prime, que levou várias queens para participar de desafios Brasil afora. “Como drag, eu ralei muito para ir alcançando cada vez meu espaço. Ainda acho que eu tenho que ralar demais porque é um meio desafiador”. Crescer Sucesso entre os fãs da arte drag, Uatila conta que Hellena cativou não apenas a comunidade LGBTQIA+, mas, sim, atingiu uma diversidade de públicos. “Eu amo ter o público mais jovem, ou de pessoas mais maduras, eu amo que eu consigo levar de uma forma generosa isso para as pessoas assim. Eu acho que eu já passei por muitas coisas muito desafiadoras na vida que foram muito pesadas, então eu não quero levar nada de uma forma pesada, eu quero levar de uma forma tranquila”. Muito além do sucesso profissional, Uatila diz que também o ajudou no crescimento dele como pessoa. “Eu vim de uma cidade pequena com um pensamento fechado e não é porque eu era diferente que eu também não fui educado de uma forma fechada. Então a Helena ela quebrou muitos padrões na minha cabeça”, explica. Uatila também aconselha as pessoas que pensam em sair de uma cidade pequena para conseguir sucesso longe de casa. Para ele, o segredo é encontrar um propósito de vida. “Se você sente um chamado, para mim, [o melhor] é ir no fluxo, seguir a sua intuição, seguir o seu coração. A gente tem pessoas para amparar a gente, que vão educar, mas a nossa essência, só a gente consegue construir”, finaliza. Hellena Borgys Alex Santana LEIA TAMBÉM: QIAPN+: entenda como novas letras da sigla LGBT reforçam busca por representatividade DIA DO ORGULHO: as histórias de pessoas trans que lutam pelo direito de se cuidar, ter filhos e construir uma família 📲 Confira as últimas notícias do g1 Triângulo 📲 Acompanhe o g1 no Instagram e no Facebook 📲 Receba notícias do g1 no WhatsApp e no Telegram VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas

Fonte: G1


28/06/2023 – Paranaíba e Máximus FM

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