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Operação ‘Libertas’: após inspeção em casas de suspeitas, 2 vítimas procuram força-tarefa para depor


Duas pessoas, que não tiveram as identidades reveladas, procuraram espontaneamente a força-tarefa da operação “Libertas” na quinta-feira (17) para testemunhar na apuração da suspeita de trabalho análogo ao escravo e exploração sexual de travestis e transexuais em Uberlândia.

De acordo com o promotor do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Thiago Ferraz, ambas entraram em contato com o grupo após assistirem reportagens sobre os desdobramentos da 5ª fase realizada na terça-feira (15). As duas ainda moram em Uberlândia.

“Foram duas pessoas que nos procuraram após assistirem à coletiva”, disse Ferraz.

Com as duas testemunhas depondo na quinta-feira, 20 pessoas já foram ouvidas nesta semana. Na terça-feira (15), 10 travestis e transexuais prestaram depoimento, já na quarta-feira (16), outras 7 vítimas e a suspeita Lamar Bionda foram ouvidas pela força-tarefa.

O trabalho de investigação é realizado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em conjunto com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e apoio do Gaeco e das polícias Militar, Civil e Federal.

Em novembro de 2021, o Gaeco deu início à “Libertas”, que visava combater uma organização criminosa encabeçada pela ex-vereadora Pâmela Volp e a filha, Paula Volp, presas desde o início da operação.

A ação da 5ª fase, ocorrida na terça-feira, se tratou de uma medida protetiva, e não punitiva, com o intuito de investigar se travestis e transexuais são coagidas a trabalharem em Uberlândia e em qual situação elas vivem.

Operação entre MPT e outros órgãos é realizada em Uberlândia — Foto: Arcênio Correa/g1

Operação entre MPT e outros órgãos é realizada em Uberlândia — Foto: Arcênio Correa/g1

Segundo o procurador do Trabalho, Paulo Gonçalves Veloso, o foco desta fase foi a proteção das travestis e transexuais para que sejam instruídas e façam parte do processo que vai pedir o pagamento de direito trabalhistas e indenização.

“O foco foi o cumprimento da legislação trabalhista. Foi a verificação e inspeção de alojamentos e das condições de trabalho. Estivemos em alguns locais que são mantidos por pessoas que já são investigadas na operação”, afirmou.

Na terça-feira, 9 endereços que serviam como pensões foram inspecionadas pela força-tarefa. As residências ficam nos bairros Santa Mônica, Tibery, Centro, Nova Uberlândia, Umuarama e Minas Gerais. Quatro destes locais, localizados nos 2 últimos bairros, estão no nome da ex-vereadora Pâmela Volp.

De acordo com o promotor do Gaeco, Thiago Ferraz, nos endereços travestis e transexuais viviam em condições degradantes, como falta de limpeza.

“Na entrada encontramos uma máquina de cartão. O local cheirava a urina de animais e elas tinham que viver com um cachorro doente, sem tratamento. A geladeira da dona era separada e estava trancada, enquanto que a delas quase não tinha alimentos”, disse o promotor.

Ainda durante esta fase, a investigada Lamar Bionda afirmou que uma das casas onde travestis e transexuais viviam é “apenas pensionato. Para a advogada dela, Daniela Ferreira, o depoimento serviu “para comprovar que ela não faz parte da organização criminosa investigada”.

Ainda conforme Ferraz, mesmo com pessoas investigadas presas, a operação de exploração sexual continua. Segundo o promotor, muitas vítimas já deixaram a cidade, mas é importante que elas procurem o Gaeco ou o Ministério Público do Trabalho para que novos depoimentos sejam colhidos e serem anexados ao processo.

O contato com o Gaeco pode ser feito pelo telefone (34) 9 8444-2514. Já com o MPT pode ser feito pelo número (34) 3236-9460 ou no endereço Avenida Floriano Peixoto, 3575, Bairro Brasil, em Uberlândia.

Ex-vereadora Pâmela Volp — Foto: Aline Rezende/Câmara de Uberlândia/Divulgação

Ex-vereadora Pâmela Volp — Foto: Aline Rezende/Câmara de Uberlândia/Divulgação

No dia 8 de novembro de 2021, a exploração sexual de travestis e transexuais foi alvo de investigação na cidade. Na época, o Gaeco deflagrou a 1ª fase da Operação “Libertas”, que visava combater uma organização criminosa e, entre os alvos estavam a ex-vereadora Pâmela Volp, a filha, Paula Volp e Lamar Bionda.

Posteriormente, outras três fases da ação foram realizadas. Uma delas resultou na prisão de Paula Coco. E entre os mandados de busca e apreensão, um dos locais foi um mausoléu da família de Pâmela Volp na cidade de Tupaciguara.

Durante a investigação, Pâmela e a filha, Paula Volp, foram denunciadas pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), na mesma operação, por uma tentativa de latrocínio ocorrida em 2018 contra uma travesti, em Uberlândia.

Na 5ª fase da operação, promotores, procuradores e auditores fiscais do trabalho realizaram inspeção da possibilidade de trabalho análogo ao escravo, tráfico de pessoas e exploração sexual. Dez endereços foram visitados. Das 22 pessoas, 10 foram ouvidas no mesmo dia.

Já no dia 16 de fevereiro, outras 8 pessoas foram ouvidas, sendo 7 testemunhas e a investigada Lamar Bionda. No dia seguinte, duas vítimas se apresentaram espontaneamente à força-tarefa.

Ainda segundo o MPMG, há relatos de que o esquema criminoso tenha iniciado em 1992 e, assim, já dura 30 anos.

OPERAÇÃO ‘LIBERTAS: GAECO LIGA EX-VEREADORA DE UBERLÂNDIA PAMELA VOLP A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

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Fonte: G1


18/02/2022 – Paranaíba e Máximus FM

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