Cléber Eustáquio disse acreditar que houve negligência por parte do hospital. A Prefeitura afirma que atendimento deveria ter ocorrido mesmo com a superlotação. Procurador da República, Cléber Eustáquio, vai investigar morte de idoso no HC-UFU O procurador da República Cléber Eustáquio informou nesta segunda-feira (31) que o Ministério Público Federal (MPF) vai investigar a morte de Eurípedes Roberto Faria, de 74 anos. O idoso morreu depois de aguardar atendimento no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) por quase quatro horas dentro de uma ambulância. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Eurípedes havia sofrido um infarto com supra – que ocorre quando há um bloqueio repentino do fluxo sanguíneo para uma parte do coração. Ele estava classificado no critério de “vaga zero” na Unidade de Atendimento Integrado (UAI) do Bairro São Jorge, recurso utilizado para garantir acesso imediato aos pacientes com risco de morte ou sofrimento intenso. Em entrevista à TV Integração, o procurador afirmou acreditar que houve negligência por parte do hospital e que chegou a dizer que houve um “possível caso de homicídio culposo”. Veja vídeo acima. “Tinha equipe para atender, mas essa equipe não se deslocou até a ambulância para ver o caso desse paciente específico. Isso vai ser investigado. Mas a princípio houve um possível caso de homicídio culposo”, afirmou. Cléber Eustáquio também citou uma reunião feita em fevereiro, quando o superintendente do HC-UFU, Luciano Martins da Silva, o secretário Municipal de Saúde, Clauber Lourenço, e outros representantes do hospital e da Prefeitura definiram que o pronto-socorro do HC receberia apenas pacientes referenciados de outras unidades a partir de maio. Segundo ele, o acordo ainda não foi executado como foi combinado. “O grande problema são as vagas zero. A UFU recebe esses pacientes de urgência e emergência, que demandam alta complexidade, mas não conseguem absorver. Ele pactuou uma quantidade de serviços que não consegue atender. Ele não tem estrutura para isso, não tem médicos para atender o que foi pactuado”, declarou. Em um posicionamento feito na manhã desta segunda, o hospital afirmou que abriu uma investigação interna para apurar o ocorrido e também destacou que o pronto-socorro “trabalha sempre acima de sua capacidade instalada para atender à demanda de atendimentos de alta complexidade de toda a região”. O HC-UFU aponta que esses casos [vaga zero] – que poderiam ser remanejados para outras unidades – contribuem para a “superlotação do pronto-socorro e dificultam o atendimento de casos que devem ser atendidos exclusivamente na alta complexidade”. “Apesar de haver estes critérios bem estabelecidos para a definição das vagas zero, cerca de 40% dos pacientes encaminhados ao HC-UFU nesta modalidade poderiam ser atendidos em outras unidades da rede”, afirmou a nota. Leia também: ‘A gente quer entender o que aconteceu’, diz filha de idoso que morreu dentro de ambulância esperando por vaga no HC-UFU Contrato previa atendimento Também em entrevista à TV Integração, o secretário Municipal de Saúde, Cláuber Lourenço, afirmou que o HC-UFU é obrigado a atender pacientes com risco de infarto com supra, como era o caso de Eurípedes, por conta do contrato de prestação de serviço firmado com a Prefeitura em dezembro de 2022. “O HC sabe da sua realidade, sabe dos seus problemas, sabe da lotação que existe em toda a saúde. Neste contrato assinado, algumas patologias são consideradas de emergência, pactuadas e de envio imediato para o HC. Entre elas, o infarto com supra. Eles precisariam ter feito o atendimento”, explicou. Lourenço também descreveu qual o procedimento que deveria ter sido tomado com o paciente, que inclui contato com o médico plantonista. “Tendo ou não vaga, a gente tem que entender que é uma situação muito específica. Esse paciente precisava de uma sala de hemodinâmica, no qual o HC tem e é o prestador contratado para emergência e, deveria ter sido chamado o plantonista, que fica a distância a noite. Ele é chamado para executar o cateterismo neste caso”, afirmou. 🔔 O g1 Triângulo agora está no WhatsApp. Clique aqui para receber as notícias direto no seu celular! Ambulâncias aguardavam atendimento de pacientes no HC-UFU Reprodução/TV Integração Entenda Eurípedes Roberto estava na UAI São Jorge, mas pela gravidade do quadro, precisaria ser transferido; Por volta de 1h30, a UdiCor, empresa privada de Gestão em Saúde, foi acionada para levar do paciente até o HC-UFU; Por volta das 2h22, ele entrou na ambulância e o transporte foi feito; Às 2h38, ele chegou no HC-UFU e o hospital foi informado sobe a complexidade do caso; Segundo a empresa responsável pela ambulância, o HC disse que estavam lotados e não tinham condições de admitir o paciente imediatamente; Ele seguiu na ambulância, até que às 5h11, o paciente apresentou a parada cardiorrespiratória; Às 5h56 ele morreu, dentro da ambulância. Também durante a madrugada, diversas ambulâncias estavam aguardando atendimento no HC-UFU. A unidade informou que conta com 69 leitos de pronto-socorro e 156 pacientes estavam internados no local. Eurípedes foi sepultado na tarde de domingo (29). A família ainda busca por resposta sobre o ocorrido. “Eu perguntei à médica porquê ele [pai] não entrou. Ela disse ‘porque não tinha vaga, sinto muito’. Sente? Quem sente é a gente que não vai ter mais a presença dele. A gente quer resposta e entender o que aconteceu”, finalizou a filha do idoso, Tamara Aparecida de Faria. Outras notas A UdiCor, responsável pela ambulância, relatou que durante “todo atendimento foi prestado conforme as normas de qualidade e segurança ao paciente” e que o paciente estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel, com a presença de médico, socorrista e enfermeiro. A Prefeitura de Uberlândia informou que o paciente foi enviado de vaga zero, responsabilidade de atendimento imediato do HC-UFU. Mas que “vai tomar as providências cabíveis”. A Secretaria do Estado de Saúde de Minas Gerais “informa que está atenta à situação do Hospital das Clínicas de Uberlândia. Desde dezembro de 2021, a unidade recebeu R$38.218.405,49 da Política Valora Minas. Em 2020, pelo Prohosp, foram repassados R$ 8.980.796,45”. “A SES-MG informa ainda que o valor total do repasse do Valora Minas aos municípios mineiros foi corrigido em 20%, passando de R$ 950 milhões, em 2022, para R$ 1,2 bilhões em 2023. Os novos repasses serão creditados já no mês de setembro”. LEIA TAMBÉM: MAIS UBERLÂNDIA: Cliente de bar é morto após chamar homem de palhaço TRÁFICO: Mais de 30 barras de maconha são encontradas em casa no Bairro São Jorge VÍDEO: Menino que morreu com o pai em queda de avião foi filmado pilotando aeronave 📲 Confira as últimas notícias do g1 Triângulo e Alto Paranaíba 📲 Acompanhe o g1 no Instagram e no Facebook 📲 Receba notícias do g1 no WhatsApp e no Telegram VÍDEOS: veja tudo sobre o Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas

Fonte: G1

31/07/2023 – Paranaíba e Máximus FM